quarta-feira, 2 de novembro de 2011


ANÍBAL MACHADO, UM ESCRITOR MULTIFORME

Para muitos, ele ainda é lembrado como o pai da escritora Maria Clara Machado, a maior expressão do teatro infantil brasileiro. Outros recordarão das famosas reuniões literárias em sua casa na Zona Sul do Rio de Janeiro; Aníbal, o amigo dos escritores amigos, o mineiro que recebia a nata da literatura em sua residência.
Mas quantos Aníbais ainda podemos inferir de sua vasta,variada e diferenciada literatura! Aníbal não explorou o árido terreno do romance, mas consagrou-se na área do conto - é um dos maiores contistas brasileiros, sem dúvida. A Morte da Porta-Estandarte, Tati, a Garota e Viagem aos Seios de Duília, histórias que todos amam ainda, além de consagradas pelo tempo, ganharam respeitáveis adaptações para o cinema.
Sobre Viagem aos Seios de Duília, é importante ressaltar que se trata de um dos contos mais discutidos pela crítica literária. É um daqueles contos que extrapolam sua própria natureza. Como O Alienista, de Machado de Assis, ultrapassa o padrão básico de 15 páginas estabelecido para um conto, aproximando-se mais do formato de uma noveleta, quase um romance.
As personagens de Aníbal, como o atarantado cidadão de outro conto clássico seu, O Piano, como o José Maria de Viagem..., como os trágicos carnavalescos de A Morte da Porta-Estandarte, trazem em si o apequenamento do cidadão comum, do homem na multidão. São retratos do cidadão carioca do subúrbio, sofrido, sonhador, em luta contra seu destino. Neste sentido Aníbal escreve na mesma linha de Marques Rebêlo, Lima Barreto, e João Antônio. Como o João Brandão, criação de outro mineiro sediado no Rio: Carlos Drummond de Andrade...
Além de contista, Aníbal escreveu historietas a que não podemos chamar propriamente de romance: são um misto de prosa, poesia, crônica e reflexões: Vila Feliz, seu livro de estréia, Cadernos de João e João Ternura. Nestes dois últimos são apresentados ao público sua personagem mais famosa.
Há ainda o Aníbal criador de uma faceta única na literatura brasileira. Como caracterizar ABC das Catástrofes e Topografia da Insônia? Mais uma vez a conjunção prosa/lirismo aparece aqui de uma forma mais aguda, para explanar a perplexidade do autor diante de dois dramas cotidianos do ser humano.:Os salvados do incêndio e os insones..... É a crônica dos desajustados:


"Conquanto não seja decente sair sem um arranhão de qualquer desastre, a alegria de quem escapa é proporcional ao número dos que morreram. Essa alegria passa depois a sentimento de orgulho - pela natural tendência do indivíduo a se atribuir poderes mágicos."

(ABC DAS CATÁSTROFES)


"Parece que dormi. Parece. Mas foi um sono falso, de imitação: a prova é que tudo que existe de pior no estado de vigília aproveitou também a ambulância da noite e embarcou comigo."

(TOPOGRAFIA DA INSÔNIA)

BEWITCHED


EURIVAN R. CRUZ
















no dia em que a luz dos teus olhos
provocou a gênese deste satélite errante
estava lançada a semente de minha dispersão

acaso não dorme a tristeza?

mas a felicidade de teu largo riso branco
- cântaro, riqueza e bálsamo -
alaga e alarga e alegra
minhas noites de sombria canção

amo-te, alta mulher, frondosa palmeira
grande coração, humana, simples e encantatória


aos mortais não compete a ambrosia dos deuses

mas sim o feitiço das divas

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A NATUREZA E O HOMEM NA LITERATURA BRASILEIRA



COMENTÁRIOS AO LIVRO

II - APRESENTAÇÃO (páginas 7-10)

M.CAVALCANTI PROENÇA, O CRÍTICO QUE AMAVA O BRASIL

Nascido em Cuiabá (MT) em 15 de julho de 1905 e falecido em 15 de dezembro de 1966 (no mesmo dia da morte de Walt Disney) M. (Manuel) Cavalcanti Proença fez a diferença na crítica especializada brasileira entre os anos 40 e 60.
Como apontei nestas páginas iniciais, as terras do Mato Grosso (hoje divididas em dois Estados) foram pródigas em fornecer uma literatura muito interessante, entre a aventura e a busca do conhecimento científico. Literatura essa em termos documentais, como é o caso da Retirada da Laguna, do Visconde de Taunay, sobre uma amarga derrota brasileira na Guerra do Paraguai.
Ou em termos ficcionais, como fez Menotti Del Picchia em A Filha do Inca (obra que teve em sua primeira edição o título de República 3000, depois modificado para não haver conotações políticas), livro pioneiro da ficção científica no Brasil. Ou ainda Inocência, do mesmo Taunay, obra-base de nosso estudo neste livro.

A CRÍTICA LITERÁRIA BRASILEIRA orgulhosamente ostenta seu brasão de 3 resplandecentes AAA: Afrânio Coutinho, Antônio Cândido e Alfredo Bosi, a tríade referencial para o saber acadêmico (alguém há de querer fazer adendos: Antônio Houaiss, Afrânio Peixoto...)
Mas, apesar dos méritos de sobra da nossa prata acadêmica acima citada, há que se fazer justiça a M.Cavalcanti Proença. Escolhendo um caminho alternativo, mais próximo do público leigo do que do erudito, seus escritos tendem para uma conversação franca e aberta sobre as coisas do interior brasileiro, sobre o homem campesino, sobre a exuberância da natureza do interior do país. Militar de carreira, Proença debruçou-se sobre a vida e a obra de quatro ícones nacionais de nossas letras, perfeitos e acabados retratos de nossa essência: José de Alencar, Augusto dos Anjos, Mário de Andrade e Guimarães Rosa.
E eis aqui um dado admirável do autor de Manuscrito Holandês: ao contrário da quase totalidade dos críticos literários brasileiros, não optou por fechar com esta ou aquela corrente, seja Romântica ou Modernista; para ele, o nativismo estava acima de tudo. O mesmo poderíamos dizer de Afrânio Coutinho, cujo universo crítico ascende do nacional para o universal.
Poderíamos então afirmar ser Proença um retratista do Brasil, na mesma linha de investigação de Capistrano de Abreu, Paulo Prado e Alberto Rangel, só para citarmos alguns.

MACUNAÍMA

Livro que por si só é um tratado sobre a alma brasileira, em muitos aspectos, com seu jeito de rapsódia, Macunaíma (1928 ), de Mário de Andrade possui uma enorme fortuna crítica, só comparável à de Dom Casmurro, de Machado de Assis, ou Os Sertões, de Euclides da Cunha. Mas dois livros se destacam dos demais, ombreando lado a lado: Morfologia do Macunaíma, do poeta concretista Haroldo de Campos (1929-2003) e Roteiro de Macunaíma, de M. Cavalcanti Proença. Analítico, exegeta, minucioso, este último é um passo-a-passo para se entender a gênese, as variações e as muitas vidas do anti-herói criado pelo líder modernista.

A BAGACEIRA


Duas grandes ironias unem Macunaíma, de Mário de Andrade, e A Bagaceira, de José Américo de Almeida. Lançados no mesmo ano (1928) fundaram correntes diferentes do Modernismo brasileiro, sendo a obra do paraibano considerada o marco inicial do Regionalismo. Correntes diferentes, seguidores ainda mais adversos. Boa parte do corpus da crítica literária brasileira ainda hoje costuma esnobar a importância histórica de A Bagaceira para enaltecer as peripécias de Macunaíma, "herói de nossa gente". Não foi o caso de Proença, que debruçou-se sobre as duas obras, com louvor. Para o livro de José Américo fez um estudo clássico prefacial de aproximadamente 50 páginas, na famosa edição da Livraria José Olympio Editora.


A SUAVE PANTERA



MARLY DE OLIVEIRA













É suave, suave, a pantera,
mas se a quiserem tocar
sem a devida cautela,
logo a verão transformada
na fera que há dentro dela.
O dente de mais marfim
na negrura mais alerta,
e de ser de princípio a fim
a pantera sem reservas,
o fervor, a força lúdica
da unha longa e descoberta,
o êxtase de sua fúria
sob o melindre que a fera,
em repouso, se a não tocam,
como que tem na singela
forma que não se alvoroça
por si só, antes parece,
na mansa, mansa e lustrosa
pelúcia com que se adorna,
uma viva, intensa jóia.



CHOVE NOS CAMPOS DE CACHOEIRA



DALCÍDIO JURANDIR











Voltou muito cansado. Os campos o levaram para longe. O caroço de tucumã o levara também. aquele caroço que soubera escolher entre muitos no tanque embaixo do chalé. Quando voltou já era bem tarde. A tarde sem chuva em Cachoeira lhe dá um desejo de se embrulhar na rede e ficar sossegado como quem está feliz por esperar a morte.

O menino Alfredo é inteligente, sensível e tristonho. Solidário com os dramas públicos de sua família sonha uma vida melhor, onde todos possam viver com mais dignidade. Deseja estudar na cidade grande para, assim, ser um diferencial entre os seus. Mas é difícil romper com as limitações de Cachoeira, cidadezinha às margens do Arari. Extrema pobreza, carestia, doença, incompreensão social e abandono político, aliados à uma natureza quase selvagem marcam o cotidiano desta população na Ilha de Marajó, Estado do Pará. A época: os anos 30.
Desiludido, Alfredo refugia-se em uma singela fantasia: o tucumã, fruto nativo da região, e um dos símbolos da cultura paraense, possui um caroço liso e escorregadio como sabão. O dia inteiro fazendo o caroço deslizar para cima e para baixo, Alfredo cria , desta maneira, sua própria lâmpada de Aladim. Assim prossegue a vida em meio ao horizonte cinzento de Cachoeira: a doença de Eutanázio, as inventividades do Major Alberto, os desmandos políticos da época.

Um dos escritores mais perseguidos pelo regime político do Estado Novo, Dalcídio Jurandir (1909-1979) como suas personagens, teve as mesmas dificuldades no começo de sua vida, passando por muitos subempregos, até ingressar no jornalismo e, posteriormente, no serviço público. Abraçando o socialismo, fez parte de um grupo ilustre de detidos pelo regime de Vargas: Rachel de Queiroz, Nise da Silveira, Graciliano Ramos e Eneida. Seu amigo Jorge Amado, que teve livros queimados pelo mesmo regime, foi quem lhe fez o discurso de saudação na Academia Brasileira de Letras, em 1972, quando recebeu o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra. Nos últimos anos a importância deste escritor paraense tem sido revisitada, havendo um grande interesse por sua obra.
Após Chove nos Campos de Cachoeira, publicado em 1940, a saga de Alfredo e de sua gente prossegue nos livros seguintes de Dalcídio: Marajó (sua obra prima), Três Casas e um Rio e Belém do Grão Pará.



quinta-feira, 29 de setembro de 2011

SONETO DA PRECARIEDADE AMOROSA


LÊDO IVO
















Fruto do passageiro, o amor terreno
mais sofre acrescentado ao permanente.
Melhor fora voasse , se é pequeno
o engaste em que se encrava o seu presente.

Intimidade surta de um aceno,
o amor foge ao consumo do inerente,
e em nós inoculado sem veneno
só fica quando passa brevemente.

Amor que emigra, sombra de imprevista
clareza, a solidão não se imagina
presa ao encanto do desancantado.

Entre o amor ido e estar amando, dista
o estar sozinho que não se confina
entre ir amar um dia e ter amado.

A NATUREZA E O HOMEM NA LITERATURA BRASILEIRA


COMENTÁRIOS

Queridos Leitores,

A partir de hoje, passo a comentar neste blog o meu livro "A Natureza e o Homem na Literatura Brasileira". Intercalando os comentários com a seleção de poemas que venho publicando todos estes meses e com os artigos diversos - resenhas e biografias - pretendo, assim, aproximar mais tanto o público leigo quanto o acadêmico da Literatura Brasileira. Esta é a essência de meu trabalho. A meu ver, desde os anos 70, a crítica literária e a inteligentsia acadêmica dos campi do país fecharam-se em uma concha um hermetismo estéril e vazio que acabou por afastar os leitores menos abalizados de nossa literatura nativa. Isto se reflete em muitos setores de nossa cultura, especialmente no nosso precário sistema educacional.
Por esta razão escolhi como patrono desta empreitada a figura de M. Cavalcanti Proença, um homem que amava acima de tudo a Literatura Brasileira e que deu primazia, em seus escritos, à perfeita (ou imperfeita) interação entre o homem brasileiro e a natureza que o circunda, fascínio que vem desde os primeiros cronistas do Descobrimento e que ainda segue nos dias de hoje, terminados os períodos áureos da Literatura.
Talvez alguns cheguem a julgar meu livro como integrante de uma linha ufanista. Se assim for, serei uma estrela desgarrada, remanescente temporão de uma época na qual o altruísmo, o amor pelas coisas pátrias estava na ordem do dia. O nativismo de José de Alencar, a pesquisa minuciosa do folclore em Mário de Andrade, o Movimento Verde e Amarelo do Modernismo, a Aquarela do Brasil, a música de Augusto Calheiros, o cinema da Atlântida e a Bossa Nova são variantes do mesmo exagero pátrio perpetrado pelo Conde de Afonso Celso no seu polêmico e hoje esquecido Por Que Me Ufano do Meu País.
No entanto, minha real intenção era revelar ao dois públicos, o indouto e o culto, alguns aspectos importantes no que toca à questão da natureza brasileira como vista pelos primeiros nacionais. Embora sejam bastante conhecidas e exploradas a questão da natureza como opção de fuga para o poeta citadino, recorrência do Arcadismo, embora o amor pelo primitivo e pelo selvagem em Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu e Alencar ainda toquem fundo no coração do povo simples do Brasil hodierno, ainda há algo que precisa ser dito.
Procurei enfatizar dois aspectos pouco explorados pela crítica literária brasileira. A questão da sacralidade, da natureza vista pelos Românticos do século XX como presente de Deus para o homem e como coisa a ser temida e preservada, é uma delas. A outra é a real intenção da natureza para o homem: bela, selvagem, majestosa, esplêndida, deslumbrante - nenhuma natureza igual à nossa! - mas, na verdade, convidativa, surpreendente, ambígua, cruel, trágica.



terça-feira, 21 de junho de 2011


POEMA DO DIA

O AÇUDE

ZILA MAMEDE








Velha parede ponte limitando
os dois barrancos entre chão e chão.
Ao passadiço (em que montavam luas,
xexéus milipousavam no mourão)

a represança vinha da montante
em balde concha. Sobre a levação
do sangradouro retesou-se tempo
de quando as águas, nos rasgando a mão.

Desciam na revência, verdivida
amarelando cheiro de melão:
eram celeiros, peixes nos maretas

e em nós era ternura, era canção.
Sobras do antigo na menina extinta:
redorme na vazante a solidão.

sábado, 18 de junho de 2011

O CINEMA, SUA TITULAÇÃO E ALGUMAS PERVERSÕES




ÚLTIMA DAS ARTES A SER assim considerada, surgindo na virada do século XIX para o XX, o Cinema é uma Arte essencialmente tecnológica, que requer um imenso esforço coletivo e que passa por um grande número de fases e estágios, desde a concepção do roteiro até a montagem final do copião. A grande aberração nesta imensa linha de montagem é a titulação, o nome com o qual o filme deverá vigorar no país, estranha errata impingida pelas distribuidoras ao público. Neste sentido os títulos dos filmes no Brasil sempre oscilaram entre o exótico, o lacrimejante, o hilariante, o ridículo, o desnecessário e o censitório.

Três curiosas perversões podem ser observadas nos títulos em português colocados nos filmes, desde os anos 20 até hoje. São elas:

I - ADAPTAÇÃO AO SENTIMENTALISMO

Esta situação tem dois aspectos singulares. Inicialmente o titulador talvez se pergunte: o título na língua original é bom? Resposta: em português pode ficar muito melhor. Então insere-se uma cunha no produto: ao propor um sentido diferente para o filme na tradução escolhida, o titulador realiza-se assim como parte integrante e criadora do produto final.
Filmes com enredo mais sentimentalistas e românticos sofrem mais com isto.

Alguns exemplos: Meu Primeiro Amor, Gente Como a Gente, O Fundo do Coração, Um Romance Muito Perigoso, A Difícil Arte de Amar, A Noviça Rebelde, Nascido Para Matar, etc

O outro aspecto diz respeito à tentativa das distribuidoras de vender gato por lebre, ou seja fazer do filme em questão o que ele não é, tentar passar para o público uma imagem diferente do filme. Parece-nos que há aqui uma grande desinteligência por parte das distribuidoras, em não conseguir apreender o significado e a essência do filme. Ou talvez se julgue o público bastante desinteligente.

Exemplo: está em cartaz o filme Namorados Para Sempre, com Michelle WIlliams e Ryan Gosling. O cândido título escolhido pela distribuidora esconde o original (Blue Valentine) e sua
verdadeira natureza: um filme forte, agressivo, amargo.

Outro exemplo: Guerra ao Terror, vencedor do Oscar do ano passado. O espectador incauto, pelo título, pode julgar tratar-se da massiva campanha dos Estados Unidos contra seus inimigos no Oriente Médio. Mas não se trata de nada disso. É apenas um recorte dentro da guerra, o cotidiano do soldado especializado em desarmar as bombas colocadas pelos terroristas no meio dos civis; daí o título original, The Hurt Locker, cuja tradução mais aproximada seria algo como O Arrombador de Cadeados.

II - JUÍZO MORALIZANTE

Filmes com roteiros mais fortes e dramáticos, ou envolvendo situações socialmente mais vistas pela sociedade como proibitivas - adultério, prostituição, desvios sexuais , uso de drogas,crime - costumam ser castigados antes mesmo do público. E tome moralismo. Amar Foi Minha Ruína, O Pecado de Todos Nós, Klute - O Passado Condena, Flor do Lodo, Bonequinha de Luxo, etc.
Este recalque censitório/cinematográfico chega a ser hilariante, se não desastroso, a julgar pela lenda que cerca o filme Persona, do sueco Ingmar Bergman, lançado em 1966. A história da famosa atriz que sofre um bloqueio emocional e é ajudada por outra mulher para superar este transe foi vista pelos tituladores da época como um filme sobre lesbianismo, daí o impressionante título em português: Quando Duas Mulheres Pecam.

III - O EFEITO RABICHO

Situação que sempre rende piadas e paródias por parte dos humoristas, a insistência dos distribuidores em acrescentar um apêndice ao título original é uma das manobras mais utilizadas para chamar a atenção do público:

Blade Runner - O Caçador de Andróides, Rambo II - A Missão, Forrest Gump - O Contador de Histórias, etc.








segunda-feira, 13 de junho de 2011

LANÇAMENTO



A NATUREZA E O HOMEM NA LITERATURA BRASILEIRA

Dia 5 de julho, às 18 horas.

Local: Livraria da Travessa, Travessa do Ouvidor, Rio de Janeiro.

Editora: Appris


Queridos amigos e leitores desta coluna, no dia 5 de julho estarei lançando meu livro intitulado A Natureza e o Homem na Literatura Brasileira. Trata-se de um ensaio literário no qual abordo a correlação natureza-homem através da Literatura Brasileira, do Descobrimento ao Modernismo. Este primeiro volume aborda especificamente o Romantismo Brasileiro.

NÃO HÁ, dentre os países de grande extensão territorial(à exceção, talvez dos Estados Unidos), literatura que tenha contemplado tão bem e mostrado com tamanha perfeição a interação entre as riquezas naturais da terra e o homem comum, como a Literatura Brasileira. De outra sorte, os países originadores do Romantismo, como a Alemanha e a Inglaterra, por exemplo, de território limitado, não possuem a variedade e a exuberância da terra brasilis.

Pressuposto básico do Romantismo, o amor à natureza é mostrado nos poemas de Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu e Castro Alves e na prosa de José de Alencar e do Visconde de Taunay.

Mas a natureza, como vista pelo Romantismo, tem várias facetas. A princípio é bela, majestosa; é também vista como dádiva divina e sacra, indissociável dos valores pátrios. Convidativa e intrigante, termina por surpreender abruptamente o experiente e o incauto - é a variante trágica, como diria Euclides da Cunha.


segunda-feira, 16 de maio de 2011


POEMA DO DIA

VELHAS PAIXÕES, NOVOS AMORES

MARTINS FONTES













Quanta estrela haverá, dentro da imensidade,
Que há muito se apagou, mas o olhar acredita,
Vendo a noite esplender a sua luz bendita,
Que ainda vive e conserva a mesma claridade?

Quantas velhas paixões, mortas na mocidade,
Guardam esse fulgor, que no espaço palpita,
- E há séculos percorre a amplidão infinita,
E é, na amplidão do amor, como a nossa saudade?

Quanta estrela haverá, no céu negro e tristonho,
Cujo clarão caminha entre as sombras escuras,
Simbolizando o amor no mistério do sonho?

Um dia há de brilhar essa luz nas alturas...
- E as paixões que hei de ter, e apenas pressuponho,
Ardem dentro de mim, como estrelas futuras!


domingo, 15 de maio de 2011


RESENHANDO

CINCO MINUTOS

JOSÉ DE ALENCAR

Podia dar-lhe outra resposta mais breve, e dizer-lhe simplesmente que tudo isto sucedeu porque me atrasei cinco minutos.

Desta pequena causa, desse grão de areia, nasceu a minha felicidade; dele podia resultar a minha desgraça. se tivesse sido pontual como um inglês, não teria tido uma paixão nem feito uma viagem; mas ainda hoje estaria perdendo o meu tempo a passear pela rua do Ouvidor e a ouvir falar de política e teatro.

Isto prova que a pontualidade é uma excelente virtude para uma máquina; mas um grave defeito para um homem.

O leitor desavisado pode vir a julgar o trecho acima como saído da pena de Machado de Assis, tal as semelhanças sintáticas, tal a postura eminentemente reflexiva, tal a fina ironia.

Pois assim é o primeiro romance de José de Alencar, Cinco Minutos, publicado inicialmente em folhetins em 1857. Eclipsado pelo estrondoso sucesso de O Guarani, lançado no mesmo ano, e pelos romances subsequentes, é um romance injustiçado e mesmo deixado de lado um pouco pelos críticos em geral.

Trata-se, porém de um romance originalíssimo em sua concepção. Ainda sem a grandiloquência dos romances indianistas de Alencar (O Guarani, Iracema), sem o moralismo tortuoso de seus romances femininos (Lucíola, Diva) e sem o palavreado um tanto forçoso dos romances urbanos (A Pata da Gazela, Senhora), apresenta ao leitor uma história leve, fugaz - e breve. A brevidade é o mote do livro, o tempo é a personagem principal, como em Proust. É uma rapsódia, um livro curto que se casa com a narrativa seguinte, A Viuvinha.

Notável o bom humor de Alencar, aquele mesmo bom humor predominante emA Pata da Gazela, ainda longe da militância política e das amarguras sociais dos anos à frente. Por todo o livro se pressente a sombra de Machado; reflexão e ironia, até mesmo o sarcasmo, coisa rara em Alencar são encontrados na narrativa:

Mais uma prova! Uma mulher bonita deixa-se admirar, e não se esconde como uma pérola dentro da sua ostra.

Decididamente era feia, enormemente feia!

Assim como em Machado, surgem as teorias:

Não se admire, minha prima; tenho uma teoria a respeito dos perfumes.

A mulher é uma flor que se estuda, como a flor do campo, pelas suas cores, pelas suas folhas e sobretudo pelo seu perfume.

Dada a cor predileta de uma mulher desconhecida, o seu modo de trajar e o seu perfume favorito, vou descobrir com a mesma exatidão de um problema algébrico se ela é bonita ou feia.

Cinco Minutos é um romance com um mínimo de personagens, com poucos diálogos, longos trechos entre aspas, dando a idéia de uma confidência ou de um sussurro. Narra a aventura de um conquistador à procura da mulher misteriosa, a embuçada, como nos típicos romances franceses da época. Como pano de fundo, lindíssimas descrições pictóricas da paisagem carioca e fluminense. O mar, presença dominante, acompanha o narrador/personagem em sua busca frenética por toda a narrativa.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

POEMA DO DIA


CISNES

JÚLIO SALUSSE









A vida , manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul, sem ondas nem espumas.

Bem cedo quando, desfazendo as brumas,
Matinais, rompe um sol vermelho e quente,
Nós dois vogamos indolentemente,
Como dois cisnes de alvacentas plumas.

Um dia um cisne morrerá, por certo...
Quando chegar esse momento incerto,
No lago onde talvez a água se tisne,

Que o cisne vivo cheio de saudade
Nunca mais cante, nem sozinho nade,
Nem nade nunca ao lado d'outro cisne.


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O IRÔNICO RUI BARBOSA


PATRONO DA CULTURA NACIONAL, cuja data se comemora a 5 de novembro (data de seu nascimento), Rui Barbosa (1849-1923) ainda é um dos brasileiros mais estimados e de memória mais respeitada, com uma vasta obra exemplar que sobreviveu aos ataques do Modernismo, ao contrário da maioria de seus contemporãneos.
Na verdade, Rui faz parte de um seleto grupo de ilustres brasileiros que ainda são muito queridos, não apenas por suas obras e feitos, como por sua própria pessoa; vida e obra se entrelaçam. Se considerarmos os nascidos ou atuantes até o fim da República Velha, seriam estes: Tiradentes, o Mártir da Independência, Castro Alves, Olavo Bilac, Machado de Assis, Rui Barbosa, Santos Dumont e Monteiro Lobato. Num segundo plano teríamos vultos como José de Alencar, Osvaldo Cruz e Euclides da Cunha, mais lembrados por suas obras do que por suas vidas, cercadas de uma certa polêmica.
No entanto, apesar do prestígio que ainda goza, a imagem de Rui para alguns é sinônimo de antipatia, palavreado e empolação. Parte disto se deve aos seus cultores, incapazes de traduzir corretamente para as novas gerações a importância do grande jurista baiano. E parte da culpa também é de seus próprios contemporâneos, que o hiperbolizaram como bobagens retóricas do tipo "A Águia de Haia", epíteto fácil de achar nos textos, discursos e poemas de todo o país durante muito tempo. Um exemplo disto era Monteiro Lobato, sempre chegado a exageros prós e contras. Em carta a Godofredo Rangel, ele dizia: "Que cetáceo este Rui, neste nosso mar de arenques!" Afinal de contas, estava-se na época do Conde Afonso Celso, aquele do Porque Me Ufano do Meu País...
Tanta predileção, de seus pares e do povo, não serviu, no entanto, para que o autor de Oração aos Moços atingisse seu supremo ideal na vida: a Presidência da República. Ministro da Justiça e Ministro das Finanças em governos diferentes, Rui cometeu erros primários,em detrimento da verdade e da justiça; jurista acima de tudo, colocava a moça de olhos vendados numa posição inatingível, esquecendo-se um pouco de ser mesmo cordial e correto. Foi assim que, após militar na linha de frente abolicionista com muita bravura, passou-se para o lado dos derrotados, os fazendeiros e latifundiários, logo após o 13 de Maio. Esta mudança de atitude lhe trouxe um terrível adversário, o jornalista e abolicionista José do Patrocínio, que o atacou duramente. A Rui se atribui também o início da nossa má política financeira, na criação de uma praga nacional, o lastro, de onde se derivou a inflação que nos corrói até hoje.
Mas, polêmicas à parte, Rui ainda merece ser lido; e há facetas suas pouco conhecidas. Uma delas é a ironia quase beirando o sarcasmo, presente em diversos textos seus que fazem a crítica sobre os males que assolavam o país de então:

Sobre a mania dos políticos de mudarem o nome das ruas, praga até hoje bastante renitente:

O NOME DAS RUAS

Quando sucede aos nossos conselheiros municipais disporem de algum tempo que lhes deixa vago a sua vasta clientela, amadores incorrigíveis de concessões, privilégios, favores, sinecuras e doçuras análogas, habitualmente eles o empregam, divertindo-se em mudar os nomes das ruas...

...Tiram e põem, retiram e repõem as placas das ruas com a presteza, a facilidade de pregador de cartazes que a um anúncio velho sobrepõe um novo...


Sobre o abuso policial:

SUA MAJESTADE A POLÍCIA

Agora, se querem conhecer em matéria de escrupúlos de ordem, em matéria de delicadeza administrativa, os costumes daquilo, é perguntarem aos detidos pela conta que, ao saírem do xadrez, se lhes dá dos valores arrecadados ao entrar; é inquirirem dos teatros e estabelecimentos de diversões públicas o número de vistorias inúteis e dispendiosas, com que se vêem repetidamente fintados...





segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

POEMA DO DIA



CONSOLO NA PRAIA


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE












Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te de vez, nas águas.
estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.








domingo, 30 de janeiro de 2011


RESENHANDO

O AMANUENSE BELMIRO

CYRO DOS ANJOS

VIVER A VIDA DOS OUTROS... Só conseguir o prazer próprio através das emoções alheias, na azáfama do dia a dia, nos pequenos prazeres cotidianos proporcionados pela agitação coletiva; seres sem vida própria. Está é uma recorrência comum na Literatura Brasileira. A estes tipos eu apelidei afetuosamente de estróinas sentimentais.
Mas quem são eles, afinal? Alguns são de bom coração porém desprovidos de fibra, como o Nazanzieno de Os Ratos, romance do gaúcho Dyonelio Machado, que passa pelas páginas desta novela correndo atrás de saldar sua dívida com o leiteiro cotidiano. Incapaz de tomar alguma atitude drástica, vai cortejando os amigos e admirando-lhes a capacidade de tirarem proveito das situações espinhosas e de saírem bem destas. Mesmo depois que a sorte lhe sorri e o bendito dinheiro lhe cai dos céus, ele imagina de noite aterrorizado, ratos roendo as notas que deixou sobre a mesa.
Outros são completamente amorais, como boa parte das personagens de Machado de Assis, notadamente o Brás Cubas das Memórias. Sem se fixar em um desejo específico, vai migrando de situação em situação, de fase em fase, rolando como as pedras e sem chegar a lugar algum. As pessoas de sua convivência, surgem, são amadas, passam, morrem, desaparecem, e a tudo isso só resta a indiferença final: "Não tive filhos..." Ou como o Bentinho de Dom Casmurro: "Apesar de tudo, jantei bem e fui ao teatro."
Pois é do romancista mais influenciado por Machado que surge a mais perfeita tradução para um estróina sentimental. Trata-se de O Amanuense Belmiro, do mineiro Cyro dos Anjos, um dos romances mais discutidos e admirados de nossa literatura. Profundamente analítico, minuciosamente descritivo, rigorosamente ordenado em capítulos numerados e de títulos chamativos, em tudo se parece com a obra de Machado de Assis - o que o fez muito criticado por uns e louvado por outros.Como afirma Antônio Cândido:
"...enquanto Machado de Assis tinha uma visão que se poderia chamar dramática no sentido próprio da vida, Cyro dos Anjos possui, além dessas, e dando-lhe um cunho muito especial, um maravilhoso sentido poético das coisas e dos homens."

(Estratégia, in Brigada Ligeira, Martins ,1943)

BELMIRO é um amanuense (antigo nome para a profissão de escrivão) entrando nos quarenta anos, e vivendo na época do Estado Novo de Vargas. Infeliz e irrealizado, compraz-se em anotar escrupulosamente em um diário pessoal os acontecimentos do dia, o que fizeram os amigos, as novidades, as agitações, as esperanças e frustrações. Ou seja, o escrivão não tira férias.Culto e bem lido, vive de tiradas e frases de efeito:

"Grande coisa é encontrarmos um nome imponente, para definir certos estados de espírito. Não se resolve nada, mas ficamos satisfeitos. O homem é um animal definidor.'

"Tais desnivelamentos é que compõem minha vida e lhe sustentam o equilíbrio."

Na efervescência do novo regime político, Belmiro vive a agitação cultural de Belo Horizonte, a agitação política com destaque para os alvoroçadores comunistas, o corso de carnaval, as glórias literárias que nunca lhe sorriram. Fiel e dedicado aos amigos, vai sofrendo a perda e o distanciamento destes com o passar do tempo. É um diário tenso, aflitivo, por vezes poético, de uma riqueza imagética muito grande. Como ainda afirma Antônio Cândido, "Belmiro escreve porque precisa abrir uma janela na consciência a fim de se equilibrar na vida..."
As mesmas caracteristicas do mal amado escrivão são encontradas em outro romance de Cyro dos Anjos, na figura de Abdias, o velho professor que vê o tempo passando e que se acha agora sem lugar, com seus tradicionais valores postos em cheque.


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

POEMA DO DIA


A OUTRA

FERNANDO PESSOA














Amamos sempre no que temos
O que não temos quando amamos.
O barco para, largo os remos
E, um ao outro, as mãos nos damos.
A quem dou as mãos?
À Outra.

Teus beijos são de mel de boca,
São os que sempre pensei dar,
E agora a minha boca toca
A boca que eu sonhei beijar.
De quem é a boca?
Da Outra.

Os remos já caíram na água,
O barco faz o que a água quer.
Meus braços vingam minha mágoa
No abraço que enfim podem ter.
Quem abraço?
A Outra.

Bem sei, és bela, és quem desejei...
Não deixe a vida que eu deseje
Mais que o que pode ser teu beijo
O poder ser eu que te beije
Beijo, e em quem penso?
Na Outra.

Os remos vão perdidos já,
O barco vai não sei para onde.
Que fresco o teu sorriso está,
Ah, meu amor, e o que ele esconde!
Que é do sorriso
Da Outra?

Ah, talvez mortos ambos nós,
Num outro rio sem lugar
Em outro barco outra vez sós
Possamos nós recomeçar
Que talvez sejas
A Outra.

Mas não, nem onde essa paisagem
É sob eterna luz eterna
Te acharei mais que alguém na viagem
Que amei com ansiedade terna
Por ser parecida
Com a Outra.

Ah, por ora, idos remo e rumo,
Dá-me as mãos, a boca, o teu ser
Façamos desta hora um resumo
Do que não poderemos ter.
Nesta hora, a única,
Sê a Outra.




UM POETA GAIATO


O alagoano Sebastião Cícero dos GUIMARÃES PASSOS(1867 - 1909) foi um dos parnasianos do grupo de Olavo Bilac e viveu no Rio de Janeiro à época da transição política da monarquia para a República. Com o advento desta perde seu emprego de funcionário público e torna-se adversário do regime, no que é perseguido pelo governo de Floriano Peixoto, exilando-se em Buenos Aires.
A par disto, Guimarães Passos teve uma vida agitada, dividida entre a boemia, os versos, e um casamento infeliz. No entanto, apesar das atribulações cotidianas, o poeta era um homem de humor fino, sempre fazendo blague com a própria desgraça - e a dos outros. É o que nos conta Laudímia Trotta, em sua biografia O Poeta Boêmio - Guimarães Passos.

CERTA VEZ ENTROU na Confeitaria Colombo, na Rua do Ouvidor, ponto de encontro dos poetas parnasianos e demais literatos de então. Achegando-se de um colega sentado junto ao balcão do restaurante, entabulou conversa:

- Como vai? Me paga uma cerveja aí! - ao que o outro replicou:
- Oh, rapaz! Não estás vendo que estou de luto? Perdi meu pai há alguns dias...!
- Oh, desculpa, não havia percebido... Meus sentimentos...!
E arrematou:
- Então me paga uma cerveja preta!

COM O CASAMENTO se esfacelando, atolado em dívidas, Passos estava prestes a ser despejado do lugar onde morava.
Numa noite estava junto às grades do Passeio Público com alguns colegas, enquanto um deles declamava versos para os demais, algo como:
"...Se eu pudesse expulsar a saudade que em meu peito mora!"
Suspirando, "Guima" aparteou:
- Como eu a invejo...
- Inveja a quem? - perguntou o poeta que fora interrompido.
- A saudade... Por que pelo menos ela tem aonde morar...

MAS A HISTÓRIA mais bizarra foi a do leão no zoológico. Passos e um colega estavam no Centro da cidade, esfomeados e sem um níquel. Até que um deles teve uma idéia:
- Já sei! - Vamos comer da carne que dão às feras de sua Majestade! - ou seja, "vamos ao Zoológico".
Tomaram um bonde para São Cristóvão e, lá chegando, ficaram rondando a jaula do leão, que naquele momento era alimentado por um tratador. Este, um tipo mal encarado, não gostou do assédio dos dois e ameaçou abrir a jaula da fera - o que realmente fez.
"Guima" e o outro só pararam de correr um quilômetro depois...

GUIMARÃES PASSOS morreu em 1909, em Paris, na busca para tratamento da tuberculose. Seus restos mortais foram transladados alguns anos depois para o Brasil, junto com os de outro parnasiano ilustre, Raimundo Correia.