domingo, 5 de julho de 2009

CHICO BUARQUE, O ÁPICE...!


Ainda sob o impacto da súbita morte de Michael Jackson, o planeta inteiro espera pelo impressionante funeral que está sendo preparado para o cantor americano, revivendo assim a história de Elvis Presley e John Lennon. É uma mobilização massiva com um dado novo: a cobertura da moderna mídia: Twitter, YouTube, celulares-câmera e muito mais.
Curiosamente, aqui no Estado do Rio, outra inesperada manifestação massiva acontece, mas não de tristeza, e sim de júbilo e celebração: a presença de Chico Buarque na FLIP, a Feira Literária de Parati. Está lá nas notícias do dia, está nos mesmos Twitters e YouTubes para todo o planeta: mulheres subiram nas árvores, velhinhas tentaram furar a fila dos autógrafos, no que foram impedidas pelos seguranças, ambulantes pararam de vender e ficaram mesmerizados, querendo crer que o maior artista brasileiro estava ali, em carne e osso.
Ao lado de Milton Hatoum, o maior escritor brasileiro da atualidade, veio para uma sessão de autógrafos que vai entrar para a história. É curioso. Chico Buarque, anti-herói por excelência, tinha tudo para ganhar a antipatia de todos: arredio com a imprensa, malcriado, franco e desabusado, mau marido, mulherengo, com fama de alcóolatra, Chico tem em sua bagagem uma série de histórias nada exemplares. Inimigo número um da ditadura mlitar no Brasil, o exílio e a censura que lhe foi imposta não o impediram de destilar sua raiva contra os mandarins do período de exceção no Brasil:

"Apesar de você/ amanhã há de ser outro dia/ Inda pago pra ver meu jardim renascer/ Só você não viria/ Como vai proibir/ Quando o galo cantar/ Sem lhe pedir licença" (APESAR DE VOCÊ - "endereçado" ao Presidente Médici)

Ninguém Ninguém vai me segurar Ninguém há de me fechar As portas do coração Ninguém Ninguém vai me sujeitar A trancar no peito a minha paixão Eu não Eu não vou desesperar Eu não vou renunciar Fugir Ninguém Ninguém vai me acorrentar Enquanto eu puder cantar Enquanto eu puder sorrir
(CORDÂO - "endereçado" ao Presidente Geisel)

Em 1978 foi a Havana com outros intelectuais brasileiros, dentre eles seu amigo, o escritor Antônio Callado. Ao desembarcarem no Galeão, na volta, foram todos detidos.
Teve uma briga com o escritor Millôr Fernandes. Este havia declarado em uma entrevista que "não confiaria em Chico Buarque nem para tomar conta do meu cachorro" Dias depois os dois se esbarrararam na festa de um amigo em comum e trocaram bofetões.
A filha mais velha de Chico, a atriz Sílvia, é casada com o músico Carlinhos Brown, negro, parceiro de Marisa Monte. Tiveram um filho, obviamente mulato. Surgiram especulações de que o avô estaria envergonhado pele cor do neto. Saindo da igreja onde havia sido batizado o menino, com este no colo, foi cercado pela imprensa. Ele, que não dá entrevistas a ninguém, não se segurou e foi logo soltando o verbo:"Estão dizendo por aí que eu estou vergonha do meu neto. Só por que ele é de cor? Quem é branco no Brasil? Ninguém é branco no Brasil. Nem a Xuxa. Aliás, a Xuxa tem de casar logo para a raça não acabar."
O velho Sérgio Buarque de Hollanda, pai de Chico, autor do clássico da Sociologia Raízes do Brasil, mais uma vez ficaria orgulhoso do filho, como sempre o foi.


4 comentários:

  1. Muito bom! Realmente o Chico tinha tudo para não ser popular, mas sempre foi o queridinho, o moço dos olhos verdes.
    Sua obra literária, incluindo as peças, bem como suas músicas, são de uma beleza sem par.
    Parabéns pelo blog! Vou divulgar.
    Beijo

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  2. Menino, maior curiosidade p saber como achou meu blog e me reconheceu...rs já adicionei vc no orkut e seu blog na minha lista, enviei email e voltou...bjs Heliana

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  3. Realmente Chico é um tesouro literário vivo. Além de suas músicas, que fogem das letras arrumadinhas e convencionais, sou fã do livro "Leite derramado". Parabéns pelo Blog. Está excelente!

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  4. Ótima história. Gostaria de saber se essa história com o neto e xux tem referência que prova sua veracidade.

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