terça-feira, 2 de novembro de 2010

POEMA DO DIA











O ACENDEDOR DE LAMPIÕES

(JORGE DE LIMA)


Lá vem o acendedor de lampiões da rua!

Este mesmo que vem infatigavelmente

Parodiar o sol e associar-se à lua

Quando a sombra da noite enegrece o poente!


Um, dois, três lampiões, acende e continua

Outros mais a acender imperturbavelmente,

À medida que a noite aos poucos se acentua

E a palidez da lua apenas se pressente.


Triste ironia atroz que o senso humano irrita: -

Ele que doira a noite e ilumina a cidade,

Talvez não tenha luz na choupana em que habita.


Tanta gente também nos outros insinua

Crenças, religiões, amor, felicidade,

Como este acendedor de lampiões da rua!

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