domingo, 15 de novembro de 2009




A INTERNET APÓCRIFA

Com frequência recebemos e-mails contendo mensagens de auto-ajuda, anedotas e outras trivialidades, assinadas por escritores renomados, já falecidos ou ainda vivos. Os mais usuais são Luís Fernando Veríssimo, Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Alves e Affonso Romano de Sant’Anna. Há mesmo uma falsa carta de despedida atribuída a Gabriel Garcia Márquez, anunciando sua morte em breve.

Outros texto de menor porte são presumidamente assinados por celebridades midiáticas como a atriz Patrícia Pillar, que conta, nessa carta de mentira, sua luta e sua superação contra a doença que a atingiu.

Há nisso tudo duas questões intrigantes. Em primeiro lugar, o que leva tais pessoas a cometerem este crime de pseudo-mensagens? Sim, porque não deixa de ser um delito esta falsa atribuição de textos vulgares, chulos e muitas vezes até obscenos usando do prestígio ancorado no renome de escritores célebres. Suponho que a razão para isto seja a de atrair para sites pessoais um público que se diga culto e letrado – se os sites não são visitados, morrem em pouco tempo. Sendo assim, porque assinar um texto com o próprio nome, desconhecido do grande público? A circulação através dos e-mails, dando a volta ao mundo e sempre voltando com a mesma mensagem para sua caixa postal auxiliaria nessa perpetuidade.

A segunda questão: porque razão nenhum escritor, seja dos vivos, ou dos já falecidos, devidamente representados por seus herdeiros e espólios, contesta isto e não vem a público para esta confrontação?

Este é um ponto interessante a ser considerado no Marco Regulatório da Internet.

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