quinta-feira, 29 de setembro de 2011

SONETO DA PRECARIEDADE AMOROSA


LÊDO IVO
















Fruto do passageiro, o amor terreno
mais sofre acrescentado ao permanente.
Melhor fora voasse , se é pequeno
o engaste em que se encrava o seu presente.

Intimidade surta de um aceno,
o amor foge ao consumo do inerente,
e em nós inoculado sem veneno
só fica quando passa brevemente.

Amor que emigra, sombra de imprevista
clareza, a solidão não se imagina
presa ao encanto do desancantado.

Entre o amor ido e estar amando, dista
o estar sozinho que não se confina
entre ir amar um dia e ter amado.

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