A apresentadora de TV Ana Maria Braga é uma das pessoas mais influentes do Brasil. Com seu programa matinal de etiqueta, culinária, entrevistas e variedades, é a sucessora legítima no imaginário popular de outra loura, que reinou soberana por muito tempo - Xuxa. A Globo precisa sempre de uma loura para manter o padrão e não deixar o barco afundar de vez.
Há poucos anos atrás a apresentadora foi diagnosticada com um câncer de relativa gravidade, o que consternou bastante seu imenso e dedicado público. Tratada, curou-se - ou Deus escreveu pelas linhas certas?. Curada, continua a ser a mesma pessoa intempestiva e pernóstica de antes: destemperada com os subordinados do programa, malévola com os entrevistados, casca grossa e impaciente de um modo geral.
O mesmo sucede com o cineasta Hector Babenco, argentino naturalizado brasileiro, realizador de clássicos como "Lúcio Flávio - Passageiro da Agonia", "Pixote" e, mais recentemente, "Carandiru". Babenco, como a apresentadora, também passou pela situação de um câncer - e dos piores: linfático. Lembro-me de sua entrevista na VEJA, profundamente comovente, quando ainda estava em tratamento.
Ele também ficou curado - mais algumas linhas retas - e também não mudou muito. Recentemente acossado pela reportagem do CQC (Custe o Que Custar), chamou o repórter Oscar Filho de "bolha' e deu-lhe uma revistada na cara.
Isso tudo me faz lembrar a história do rei Ezequias, de Judá, fato que está narrado no livro do profeta Isaías, por intermédio de quem ficou curado. Ezequias foi um rei magnífico, talvez o mais espetacular depois de Davi e Salomão e um dos poucos que prestaram daquela tralha toda dos reis de Israel e Judá. Ele é lembrado, além das obras arquitetônicas que realizou, pela sua cura milagrosa.
A Bíblia diz que sua doença era uma "úlcera'. Presumo que fosse algo de mais gravidade, a ponto de afetar o seu comportamento. Porque depois de sua cura milagrosa, Ezequias virou outro - ou era a mesma pessoa com comportamento dúbio?
Segundo o relato de Isaías, este foi mandado por Deus ao rei para avisá-lo de que sua doença era incurável e sua morte iminente: "Põe a tua casa em ordem , porque morrerás e não viverás" (Isaías 38:1). O que se seguiu é bem notório de todos: Ezequias se derramou em lágrimas e Deus o curou milagrosamente, fazendo retroceder a sombra do relógio de sol. Esta passagem é o deleite e a delícia da maioria dos pregadores medianos que acham tudo isto muito simpático. Mas a verdade é outra: Deus não tinha intenção de curar o rei. Porque sabia dos problemas que isto acarretaria no futuro.
Esta é uma lição que aprendi ainda novo na fé, e que ainda guardo com muito respeito: a oração que não se deve fazer, a "Oração do Rei Ezequias." Se você insiste com Deus em querer algo que Ele sabe que não vale a pena, o relógio de sol pode até voltar no tempo - mas as consequências serão ruins.
Após sua cura, Ezequias recebeu a visita dos embaixadores de Babilônia. Claro, a esta altura todos os reinos próximos estavam bestificados com o ocorrido, depois de acharem que Ezequias, pedra no sapato de todos eles, ia desta para a melhor. Pois bem, Ezequias os recebeu e fez algo completamente indevido: abriu os tesouros de seu reino e de seu arsenal e mostrou tudo aos estrangeiros, atiçando-lhes a cobiça futura.
Veio o profeta Isaías, mais uma vez, agora para repreendê-lo e avisá-lo do que ia suceder no futuro: seu reino seria invadido por estrangeiros, tudo seria levado e seus descendentes seriam levados como cativos. A reação de Ezequias foi exemplar: "Boa é a palavra do Senhor que disseste. Pois pensava: haverá paz e segurança em meus dias" (Isaías 39:8).
Ou seja, no popular:Tudo bem, eu não me importo mesmo - isso não vai ser por agora."
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