E há um curioso episódio que retrata bem isso. Quem o conta é Eduardo Prado, no seu magnífico "A Ilusão Americana" - mais de cem anos depois um livro atualíssimo e que todo brasileiro preocupado com os arroubos norte-americanos tem a obrigação de ler.
Ora, a França acabara de sair de uma refrega com a Alemanha, tendo uma derrota vergonhosa e perdendo importantes partes de seu território nesse duelo. Então o presidente americano Ulysses Grant e seu Secretário de Estado, Briant, mandaram telegramas de congratulações à nação vencedora. Grant, herói da Guerra Civil e popularíssimo em seu país, estava em ano eleitoral e resolveu aliciar a colônia alemã radicada nos Estados Unidos. Simplesmente uma manobra eleitoreira.
Os franceses ficaram irados. E não era por menos: os dois países tinham laços cordiais de amizade, foi a França que ajudou os Estados Unidos em sua luta de independência contra a Inglaterra. Mas ninguém ficou mais exaltado do que Victor Hugo. Em um enorme poema, "Briand", descascou o Secretário de Estado americano, autor da tramóia. O camarada foi chamado de verme pra baixo.
Tempos depois, o presidente americano visitou Paris com seu séquito presidencial e foi-lhe noticiado que estavam perto da casa do autor do criador de Jean Valjean e Quasímodo. Grant fez questão de visitá-lo e mandaram avisar o escritor que o presidente estava vindo. Hugo respondeu na lata:
- Não quero falar com esse sujeito!
E não o recebeu.
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