quinta-feira, 2 de abril de 2009

UM FRANCÊS TERRÍVEL

Não houve e jamais haverá na França alguém que tenha tomado para si as dores da pátria e encarnado a própria nacionalidade como o colérico e temperamental Victor Hugo, autor de "Os Miseráveis", "Nossa Senhora de Paris", "Os Trabalhadores do Mar" e tantas outras de sua pena que se tornaram imortais. O que Napoleão Bonaparte foi para a política, Hugo foi para a cultura de seu tempo. Chegou ao ponto de afirmar: "França, França, sem ti , o mundo ficaria só!" 
E há um curioso episódio que retrata bem isso. Quem o conta é Eduardo Prado, no seu magnífico "A Ilusão Americana" - mais de cem anos depois um  livro atualíssimo e que todo brasileiro preocupado com os arroubos norte-americanos tem a obrigação de ler.
Ora, a França acabara de sair de uma refrega com a Alemanha, tendo uma derrota vergonhosa e perdendo importantes partes de seu território nesse duelo. Então o presidente americano Ulysses Grant e seu Secretário de Estado, Briant, mandaram telegramas de congratulações à nação vencedora. Grant, herói da Guerra Civil e popularíssimo em seu país, estava em ano eleitoral e resolveu aliciar a colônia alemã radicada nos Estados Unidos. Simplesmente uma manobra eleitoreira.
Os franceses ficaram irados. E não era por menos: os dois países tinham laços cordiais de amizade, foi a França que ajudou os Estados Unidos em sua luta de independência contra a Inglaterra. Mas ninguém ficou mais exaltado do que Victor Hugo. Em um enorme poema, "Briand", descascou o Secretário de Estado  americano, autor da tramóia. O camarada foi chamado de verme pra baixo.
Tempos depois, o presidente americano visitou Paris com seu séquito presidencial e foi-lhe noticiado que estavam perto da casa do autor do criador de Jean Valjean e Quasímodo. Grant fez questão de visitá-lo e mandaram avisar o escritor que o presidente estava vindo. Hugo respondeu na lata:
 - Não quero falar com esse sujeito!
 E não o recebeu.

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